sábado, 10 de outubro de 2015

ULTRA-TRAIL CAPE TOWN


Na noite anterior a competição você dorme com o tempo claro e bonito. Durante a madrugada começa a chover, ventar e o frio chega. Assim são as corridas de montanha e você deve estar preparado para tudo. Na Ultra-Trail Cape Town não foi diferente.

Subir o Table Mountain nos primeiros quilômetros de prova já seria difícil, mas com chuva e vento se tornou um verdadeiro desafio. Lá no alto ventava e chovia muito. Parecia que a temperatura estava próxima de zero. Nas descidas era difícil se manter de pé. Pedras soltas e lisas faziam estragos em pés e pernas.

O mais interessante foi chegar novamente no pé da montanha, depois de pouco mais de 25 km, e sentir o corpo completamente exausto sabendo que muitos passos ainda restavam até a linha de chegada. De pouco em pouco seguia em frente, curtindo cada paisagem, cada terreno e equilibrando os pensamentos rumo “Ao infinito e além! ”.

Aos poucos os corredores ficavam pelo caminho. Dores, lesões, frio e desânimo abatiam até os mais fortes. Do outro lado, uma organização impecável fazia-nos sentir privilegiados por estar ali curtindo e contemplando uma variedade enorme de terrenos nos arredores da belíssima Cidade do Cabo. Os postos de apoio era um verdadeiro paraíso tamanha a variedade de alimentos, bebidas e descontração por parte dos que ali estavam para nos ajudar. Uma energia a mais para seguir em frente.

Com o passar das horas o relógio passou a ser mais um adversário. Era preciso seguir em frente com um ritmo de marcha forte para alcançar a linha de chegada antes do tempo limite. Uma prova que realmente não permite muitos erros e atrasos. Vinhedos, cachoeiras, florestas e muitas montanhas. Uma beleza que merecia ser contemplada por horas, mas o “tic tac” não permitia.

No trecho final a maior dificuldade era encontrar forças para dar o passo seguinte. Muitas dores, muito cansaço e muita solidão. Um momento para pensar no dia. Em tudo que pode ser visto e vivido. Compartilhado e dividido. E nos motivos que levam cada um de nós a seguir com tantos desafios além dos que a vida já nos proporciona todos os dias.

Já é possível ouvir ao longe do som, o barulho e a alegria para receber os que aos poucos vão chegando. Uma mistura de alegria e ao mesmo tempo tristeza por estar chegando. Assim são as corridas. Uma euforia na largada e uma dor da partida no final.

O sol se põe, a noite chega e junto com ela a linha de chegada. Um momento para dizer as últimas palavras antes que as luzes do palco se apaguem.

Never Give Up!
 
 

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