quarta-feira, 6 de junho de 2012

BRAZIL RUNNING ADVENTURE RACE




A Brasil Running Adventure Race é uma corrida de 160 km realizada no Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. A competição acontece ao longo de dunas, estradas de areia e lagoas em caráter de autossuficiência onde os atletas devem carregar todos os seus mantimentos e equipamentos obrigatórios além de percorrerem o trajeto com auxílio de GPS. É fornecido pela organização apenas água em postos de controle distantes em média de 20 a 30 km. As condições climáticas são extremas com temperaturas que chegam a 40°C durante o dia e 30°C a noite e umidade que varia de 75 a 95%. Trata-se de uma competição para atletas de alta resistência, que tem experiência em provas de longa distância e em terrenos inóspitos.


O Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses é um parque nacional brasileiro criado em 2 de junho de 1981. Está situado no litoral oriental do estado do Maranhão envolvendo os municípios de Humberto de Campos, Primeira Cruz, Santo Amaro e Barreirinhas. São 155 mil hectares com mais de 100 mil dunas e cerca de 5 mil lagoas. A vegetação por baixo das dunas, resquício de antigos mangues, impermeabilizam o solo e ajudam a manter as lagoas por grande parte do ano, fazendo com que as águas sequem somente por evaporação.


A largada da prova acontece na cidade de Barreirinhas seguindo na direção nordeste por estradas de areia e dunas ao longo dos Pequenos Lençóis chegando até o litoral na cidade Paulino Neves. Em seguida segue pela praia na direção noroeste até o povoado de Caburé onde se realiza a travessia do rio Preguiças chegando ao povoado de Atins. A partir deste ponto se ingressa no Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses se dirigindo no sentido sudoeste até as proximidades da Lagoa Bonita tomando em seguida à direção noroeste passando pelo povoado de Baixa Grande e Queimada dos Britos. A corrida termina na cidade Santo Amaro do Maranhão.



Depois de uma viagem exaustiva saindo de Belo Horizonte, passando por Brasília e São Luís, cheguei a Barreirinhas já na madrugada de quinta-feira. No dia seguinte acordei cedo para começar os preparativos para a corrida que teria largada na sexta-feira pela manhã. Separei todos os equipamentos que iria utilizar para a verificação por parte da organização. Neste tipo de competição, os organizadores seguem critérios rigorosos quanto aos equipamentos obrigatórios que cada atleta deve portar durante a prova garantindo assim a segurança dos mesmos. Caso os atletas não estejam portando todos os equipamentos exigidos pela organização os mesmos podem ser desclassificados da competição. Tinha conferido diversas vezes os equipamentos obrigatórios e não tive nenhum problema com a verificação.


Aproveitei o restante do dia para descansar, caminhar um pouco pela cidade e me aclimatar com o calor e a umidade que nesta região é bastante elevada. A noite foi realizado o congresso técnico onde recebemos o número de inscrição, o arquivo do GPS com o percurso e demais informações sobre a prova. Fomos informados que o horário da largada tinha sido alterado para meio-dia devido a um trecho em que é necessária a travessia de barco do Rio Preguiças com a maré cheia. Caso chegássemos neste ponto com a maré baixa, o barco poderia ficar preso nos bancos de areia. Esclarecemos todas as nossas dúvidas com a organização e finalizamos a noite com um jantar de massas em um restaurante as margens do rio Preguiças.




Na sexta-feira acordei cedo e conferi minuciosamente cada equipamento colocando tudo com muito cuidado dentro da mochila. Preparei as garrafas de água e de bebidas eletrolíticas, separei tudo que utilizaria no trecho inicial da prova e por fim entreguei a organização uma bolsa com equipamentos reserva e comida extra que estaria disponível no terceiro posto de controle localizado no povoado de Caburé conforme regulamento da competição. Preparei o meu pé com muito cuidado procurando proteger as partes mais susceptíveis à formação de bolhas com fita elástica e esparadrapo nos dedos, coloquei a roupa que iria competir sempre verificando possíveis dobras e enrugamentos e me dirigi para a saída do hotel para me juntar aos demais atletas.


Saímos do hotel caminhando em direção as margens do rio Preguiças onde seria dada a largada da prova. O sol estava muito forte e a sensação térmica era de mais de 40°C. A mochila pesava naquele momento aproximadamente 7 kg entre água, comida e equipamentos obrigatórios. Neste momento procurei me afastar por alguns minutos, como faço sempre para me concentrar e agradecer por ter chegado bem até aquele momento. Depois de meses de treinamento duro estava pronto para começar aquela batalha.


Às 12 horas e 15 minutos foi dada a largada e partimos em direção ao desconhecido. Os primeiros cinco quilômetros foram percorridos ainda nos limites da cidade de Barreirinhas.


Desde o início da prova, eu e o atleta de Taiwan seguimos a frente dos demais imprimindo um ritmo forte mesmo com o calor e a umidade que dificultava bastante à corrida. Apenas esse trecho estava demarcado com fitas de sinalização colocadas pela organização.



Após sairmos dos limites da cidade de Barreirinhas começamos a correr por uma estrada de areia fina e quente que fazia os pés queimarem. Neste trecho ventava pouco e junto com o calor que subia do chão fazia nossos corpos aquecerem muito. Mesmo assim, com aproximadamente dez quilômetros de prova percebi que o corpo estava começando a se adaptar aquelas condições e tratei de seguir me hidratando e imprimindo um ritmo forte. Era preciso ter muita atenção, pois existiam diversos caminhos e o percurso da prova não era marcado devendo os atletas se orientarem com GPS. Errei o caminho em alguns momentos, mas consegui corrigir rapidamente evitando assim grandes perdas de tempo.



Após 15 km percebi que o atleta de Taiwan começava a sentir o forte calor e o ritmo da prova que para aquelas condições era alucinante. Mantive o foco e segui em frente sabendo que a partir daquele momento estaria sozinho. Como nunca havia participado de uma competição de 160 km e ainda mais naquelas condições tinha dúvida se o ritmo não estava forte demais, o que poderia me comprometer nos trechos finais da prova. Senti que meu corpo reagia bem àquela situação e procurei manter a concentração me alimentando e hidratando o tempo todo. Cheguei a pensar em diminuir um pouco o ritmo, mas como me sentia bem resolvi que seguiria daquela maneira até o fim e quando as pernas não aguentassem mais continuaria mesmo assim fazendo força. O nosso corpo tende a zona de conforto sempre e precisamos o tempo todo usar a mente para mostrá-lo quem verdadeiramente manda.


O primeiro posto de controle estava localizado no km 21, logo após um pequeno riacho onde a organização estava aguardando os atletas. Cheguei por volta das 14h40min fazendo uma parada rápida para reabastecer as garrafas de água, preparar a bebida eletrolítica, receber algumas informações sobre o próximo trecho e retornar a corrida.




Continuei correndo pela estrada de areia passando por diversas casas onde as pessoas olhavam com certo receio. Após percorrer 5 km cheguei à região denominada de Pequenos Lençóis. Foi um trecho curto onde corri pela primeira vez desde o início da prova por dunas e atravessei as primeiras lagoas. Foi uma sensação indescritível podendo admirar um pouco aquela paisagem exuberante. Aproveitei a primeira experiência da água para ver como os pés reagiriam e já me preparar psicologicamente para o que estava por vir.


Já conseguia avistar a cidade de Paulino Neves onde estava localizado o segundo posto de controle. Até chegar a cidade continuei correndo por estradas de areia e pastos secos. O segundo posto de controle estava localizado no km 37 que cheguei por volta das 16h45min. Haviam muitas pessoas na praça da cidade observando tudo com olhares curiosos. Reabasteci novamente as garrafas de água, preparei mais bebidas eletrolíticas, recebi as informações necessárias até o próximo posto de controle e segui a minha jornada. Neste momento já tinha aproximadamente uma hora de vantagem sobre o atleta de Taiwan segundo informado pela organização.


Na saída da cidade fiz algumas confusões e acabei perdendo um pouco de tempo até encontrar o caminho novamente. Retornei a região dos Pequenos Lençóis onde atravessei diversas lagoas, subi e desci inúmeras dunas em direção à praia. O sol já estava se pondo com um final de tarde maravilhoso quando avistei do alto de uma duna a imensidão do mar. Foi um momento único onde pude apreciar tamanha beleza e receber pela primeira vez a brisa fresca vinda do oceano. O calor e a umidade continuavam imponentes, porém já não me incomodavam mais como no início da prova.

Comecei a me preparar para a noite que estava por vir. Seria um verdadeiro desafio para o corpo e para a mente suportar por quase dozes horas o isolamento, a escuridão, o silêncio e a imensidão do deserto. Durante muitos meses imaginei este momento para que fosse enfrentado com foco e determinação sem pensar nos medos e nas dificuldades que poderiam surgir.

Até chegar a beira da praia percorri um trecho com areia solta onde os pés afundavam bastante dificultando assim a corrida. Aproveitei para fazer uma caminhada enquanto retirava da mochila a lanterna e fazia a reposição de comida nos bolsos frontais da mochila. Procurei verificar todos os equipamentos enquanto existia luz natural. Os pés estavam molhados, mas não haviam sinais de bolhas. As proteções colocadas antes da prova estavam funcionando bem o que me assegurava chegar aos trechos mais difíceis da competição com os pés ainda intactos.


Quando a noite caiu estava correndo na beira do mar onde conseguia imprimir novamente um ritmo forte, pois neste ponto a areia estava compactada. Era possível observar que a maré estava subindo lentamente e em alguns pontos era inevitável não molhar os pés. Esse trecho tinha 27 km em sua grande maioria percorrido a beira mar.

Estava indo tudo bem quando comecei a perceber que me afastava da praia. Conferi no GPS o traçado e achei que estava certo quando após alguns quilômetros me deparei com uma floresta já chegando às margens do rio Preguiças. Conferi novamente o GPS e percebi o erro. O arquivo de referências não havia registrado o posto de controle e traçou uma reta até o próximo ponto do outro lado do rio. Procurei manter a calma fazendo uma pausa e analisando com calma as informações para corrigir da melhor maneira o desvio.


Planejei a nova rota e retornei em direção a praia tentando correr o mais rápido que podia, pois não sabia exatamente que distância tinha de vantagem para o segundo colocado. Após corrigir a rota, corri por mais 4 km e cheguei ao terceiro posto de controle que estava situado em um hotel as margens do rio Preguiças por volta das 20h15min.

No posto de controle fui recebido por diversos atletas que estavam participando da prova em etapas que tinha começado dois dias atrás e que largariam daquele ponto no dia seguinte para mais um trecho da competição. No total iriam percorrer 126 km em quatro dias de prova correndo trechos que variavam de 26 a 38 km.


Todos os atletas procuravam me ajudar como podiam. Neste posto estava a bolsa que havia entregado a organização antes da largada contendo os equipamentos reserva e comida para suportar até o final da prova.

Tinha percorrido até aquele momento aproximadamente 65 km correndo o tempo todo na areia. Estava um pouco cansado, mas bastante confiante e preparado para entrar no parque onde enfrentaria o trecho mais duro com muitas dunas para subir e descer além das diversas lagoas com profundidades variadas.

Fiz a travessia de barco cruzando o rio Preguiças que durou aproximadamente dez minutos. Durante o trajeto recebi as últimas informações e recomendações da organização, pois estaria a partir daquele momento completamente sozinho por horas e sem nenhum apoio devendo seguir fielmente as coordenadas do GPS até o próximo posto de controle que estaria dentro do parque a uma distância aproximada de 32 km.

Desci do barco e iniciei a corrida passando pelo vilarejo de Atins. Após 4 km cheguei a um pequeno restaurante que seria minha última parada para reabastecimento de água antes de entrar no parque. Enchi todas as garrafas de água, preparei as bebidas eletrolíticas e parecendo um sonho, me deliciei com uma Coca-Cola que estava estupidamente gelada. Conversei rapidamente com o pessoal do restaurante, respirei fundo e iniciei uma longa jornada em direção as dunas.

Após alguns quilômetros de corrida me deparei com as primeiras dunas. Pareciam verdadeiras montanhas de areia em alguns pontos compactada, em outros, solta. Era preciso muita força para subir correndo e cuidado e atenção nas descidas onde em geral, se terminava em lagoas com água a diferentes profundidades. O deslocamento dentro da água era difícil, tomando muito tempo e gerando um desgaste elevado. Algumas lagoas chegavam a ter quase um quilômetro de extensão onde era preciso muita calma e concentração para atravessá-las. A água era cristalina e em alguns pontos haviam plantas aquáticas.


Procurei analisar a partir das fotos de satélite que tinha no GPS e com o auxilio da lanterna de cabeça pontos em que fosse possível seguir pela crista das dunas evitando ao máximo as descidas e grandes caminhadas dentro das lagoas. Na grande maioria das vezes não era possível. Os pés se mantinham encharcados e cheios de areia o tempo todo tornando o deslocamento ainda mais difícil.



Era noite de lua nova e a escuridão era total. Em alguns momentos apaguei a lanterna e fiquei apreciando o céu que estava completamente estrelado. Não se via nada ao longe e o silêncio era assustador sendo quebrado apenas pelas rajadas de vento. Foram horas sozinho atravessando aquela imensidão de areia. Aproveitei o momento para fazer algumas reflexões e pensar um pouco na vida e na alegria que estava sentindo por estar correndo em um lugar tão bonito e inóspito.

Depois de várias horas subindo e descendo dunas comecei a avistar ao longe a luz de sinalização que indicava a localização do posto de controle onde encontraria com uma pessoa da organização para reposição de água e registro de passagem. Neste momento estava me aproximando do limite sul do parque onde atravessei algumas regiões com vegetação rasteira.

Depois de percorrer os últimos 25 km sozinho cheguei ao posto de controle por volta das 02h15min da manhã. Minhas garrafas de água já estavam na reserva e o cansaço era visível após 100 km de corrida com temperaturas elevadas durante o dia e a noite. Como de costume, reabasteci as garrafas, preparei as bebidas eletrolíticas e sem pensar muito segui em frente. Ainda tinha um longo trecho a ser percorrido durante a noite.

Procurei manter o ritmo fazendo o máximo de força sem pensar na vantagem que poderia ter em relação aos demais até mesmo porque essa informação eu não tinha naquele momento e como a prova ainda teria um longo trecho a ser percorrido tudo poderia acontecer.

Por volta das quatro da manhã iniciei uma travessia ao longo de uma lagoa como já estava fazendo há várias horas. À medida que fui entrando na água percebi que a profundidade aumentava gradativamente. Quando a água já estava acima da cintura comecei a ficar preocupado. Procurei direcionar a lanterna para o outro lado da lagoa e não consegui enxergar a margem. Naquele momento senti muito medo e apreensão, pois estava no meio de uma lagoa, com água acima da cintura, completamente isolado e no escuro há quase dez horas. Respirei fundo procurando não pensar nas adversidades e sim em concentrar-me para sair da água o antes possível. Fazia muita força e me deslocava pouco devido a água e a areia no fundo que dificultava a caminhada. A lagoa tinha quase um quilômetro de extensão e gastei aproximadamente 15 minutos para realizar a travessia. Cheguei do outro lado completamente cansado e ofegante, mas aliviado por ter superado aqueles minutos que pareceram uma eternidade.


Segui em frente sentindo as pernas cansadas e comecei a perceber que a cabeça já dava os primeiros sinais de exaustão. Já não estava mais aguentando correr naquela escuridão e comecei a olhar as horas esperando ansioso pelos primeiros sinais de dia. Em provas de longa distância é muito importante manter a cabeça focada e sempre com pensamentos positivos.

Por volta das 05h30min o céu começou a clarear e sabia que era questão de tempo até o sol surgir no horizonte. Apaguei a lanterna e percebi o quanto já me sentia bem com aquela situação. Continuei correndo e caminhando sem parar tentando aproveitar o início do dia para me deslocar o mais rápido possível, pois sabia que quando o sol surgisse e junto com ele o calor, o ritmo diminuiria.

Por volta das 06h15min da manhã estava chegando ao povoado de Baixa Grande onde estaria o quinto posto de controle. Um verdadeiro oásis no meio daquela imensidão de dunas de areia onde vivem atualmente seis famílias. Quando cheguei ao povoado havia me esquecido que era ali o posto de controle e como ainda era bem cedo passei correndo pela vila quando ouvi um grito. Era uma pessoa da organização da prova que estava dormindo em uma rede e percebeu a minha passagem. Ele tinha passado a noite toda em claro a espera dos atletas, pois não sabia que o horário da largada tinha sido alterado para meio-dia devido às dificuldades de comunicação, e justamente no momento que eu estava passando acabou dormindo. Fui muito bem recebido pelos moradores locais que me forneceram água para reabastecer minhas garrafas e preparar as bebidas eletrolíticas.


Desde o último posto de controle tinha percorrido aproximadamente 21 km e durante este trecho comecei a sentir um forte incomodo na sola do pé que provavelmente seria uma bolha. Resolvi que era hora de aproveitar as instalações do local, retirar o tênis e fazer um reparo. Os pés estavam completamente castigados por estar a tanto tempo molhados. Peguei um canivete que carregava comigo, furei a bolha e coloquei esparadrapo para proteger o local. Fui informado que este era o último posto de controle da prova e que daquele ponto até a chegada faltavam aproximadamente 40 km.

Os quilômetros seguintes foram percorridos ao longo de uma vegetação rasteira com grandes deslocamentos dentro da água. Seguia em direção a outro oásis denominado Queimada dos Britos que estava distante aproximadamente 8 km. O local é um povoado fundado pela família dos Britos que chegaram nessa região no século passado, fugidos de uma forte seca no Ceará e acabaram fundando uma comunidade na única região não arenosa dos Lençóis.


Chegando ao lugarejo reabasteci novamente as garrafas de água e segui em direção à cidade Santo Amaro onde terminaria a prova. Faltava pouco mais de 30 km até a chegada, mas procurei manter a concentração e o foco.


Já passava das 08h30min da manhã e o calor era muito forte o que me fazia manter um ritmo mais conservador. O trecho final era repleto de dunas com grandes elevações e descidas íngremes exigindo muito das pernas que neste momento já estavam completamente fadigadas. Procurei manter o foco e pensar apenas em não parar. Alternava corrida e caminhada aproveitando as lagoas para jogar água no corpo aliviando assim o calor. 


Devido à baixa velocidade de deslocamento e ao calor comecei a perceber que estava ingerindo uma quantidade grande de líquidos e que provavelmente não seria suficiente até a chegada. Foi o único momento da prova que fui obrigado a racionalizar um pouco para garantir que teria líquido até o final.

Ao longe já se avistava a cidade de Santo Amaro e neste momento comecei a perceber que poderia vencer a prova embora ainda tivesse aproximadamente 5 km pela frente. Procurei manter a cabeça concentrada na prova, mas minha mente já estava tomada por pensamentos. Fiquei relembrando cada momento que passei nos últimos seis meses me preparando para a prova, na ajuda e apoio incondicional que tive dos amigos e familiares e tudo que aconteceu na minha vida desde que comecei a correr no ano de 2007. Estava prestes a realizar um sonho e vencer minha primeira competição.

Aos poucos as dunas e o deserto iam ficando para trás, dando lugar a vegetação rasteira e a cidade que já estava cada vez mais próxima. Segui correndo e um leve sorriso misturado à emoção e dor tomou conta do meu rosto. Entrei na cidade e fui direto para o último ponto do GPS as margens do rio. Uma emoção muito grande de terminar uma prova muito dura e exigente em primeiro lugar.

Após 23h59min sem parar tinha percorrido os 160 km e cruzado aquela imensidão de areia e água carregando comigo tudo e todos que me ajudaram de maneira direta ou indiretamente a cumprir mais um grande objetivo da minha vida.

Durante todo esse tempo correndo me passaram diversos pensamentos e reflexões sobre tudo que estava fazendo na minha vida desde que comecei a correr meu primeiro quilômetro há quase cinco anos. O que posso dizer é que acima de tudo devemos sonhar e acreditar que é possível. Com esforço, dedicação e perseverança, podemos ir muito além do que imaginamos.

8 comentários:

  1. jose alberto barbosa lima6 de junho de 2012 às 09:38

    Parabéns cara! Eu como já participei desta prova em 2010, sei das dificuldades e obstáculos a vencer, principalmente os mentais, contra nós mesmos. A vitória é doce, tenho certeza que voce nunca esquecerá estes dias. Abração e parabéns! Zéal

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  2. Léo, parabéns pela prova e pelo relato incrível. Passar a noite toda sozinho e correndo num lugar desconhecido deve ter sido assustador e mesmo assim você tentou buscar emoções positivas.
    Vou colocar o link do seu texto no meu blog.
    Parabéns!

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  3. Parabéns pelo detalhado relato, e principalmente pela vitória, e ainda com mais de 18h de vantagem para o segundo colocado. Mas sabemos que o principal concorrente é você mesmo. Então mais uma vez parabenizo-o, pela determinação, superação e força de vontade.
    No ano passado entrei no site dessa corrida, e tive (ainda tenho) muita vontade de fazê-la. Mas darei um passo de cada vez, pois sei que as dificuldades são imensas. Se não estiver muito bem preparado, será seu pior momento.
    Abraços,
    César Condrati
    http://condrati.blogspot.com

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  4. Parabéns Léo! Grande exemplo de superação e determinação, acima de tudo. Abraço.

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  5. Léo, você é um grande exemplo de superação e DETERMINAÇÃO, acima de tudo. Parabéns e muito sucesso em suas próximas (ultra) corridas! Abraço!

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  6. Aee parabéns !! Li seu relato através do link do Enzo!! Realmente incrível.... Muito guerreiro da sua parte... Abraços Ronaldo Ruiz

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  7. leo, parabens por essa conquista ... olha, ao mesmo tempo que penso que este desafio deva ter sido durissimo, acredito que a realização do seu sonho acabou falando mais alto nesses momentos mais dificeis ... tbm tive acesso ao texto pelo link do enzo ... guerreiro total ... parabens ... rafael

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